Na actualidade a
modificação do comportamento social é efectuada através da informação, ao
contrário da prática clássica em que se utilizava os meios coercivos.
O
poder de influência do Estado está na sua capacidade de produzir, recolher,
fazer o tratamento, preservar e difundir informação que permita a manutenção do
status quo ou a sua transformação
caso seja o objectivo.
A questão relacionada com a segurança interna e
externa do Estado tem sido bastante debatida ao longo dos dois últimos séculos.
Enquanto a inteligência interna não envolve muitas polêmicas porque o seu raio
de acção circunscreve-se nas fronteiras nacionais, procurando afastar todo e
qualquer tipo de perigo contra a segurança pública, tais como o tráfico de
droga, o terrorismo, o crime organizado e a espionagem externa. É precisamente
neste último caso onde reside o principal dilema dos Estados.
A identificação de indivíduos ou grupos que ameaçam
a segurança nacional já não pode ser feita apenas por via da objectividade
física, as pessoas ou grupos que fazem espionagem podem se encontrar fora das
fronteiras nacionais do Estado.
A espionagem é uma actividade praticada por agências
de informação de forma ilegal. Embora seja oficioso, os Estados sabem que os
demais possuem agências de informação especializadas em espionagem quer para
coleta ilegal de informação estratégica quer para informar-se sobre conteúdos
respeitantes aos seus assuntos internos e dos outros actores, abortando as
acções ou criando desenformação sobre factos que considerem nocivos a segurança
nacional de forma geral.
A inteligência externa tem uma abrangência tal, que
procura utilizar todos os meios para a recolha de informação no exterior. As
informações podem ser civis ou militares, quando essas pesquisas são feitas no
exterior, tendo em atenção a tendência dos Estados em proteger informações
estratégicas, as agências de inteligência externa acabam por fazer a recolha de
forma encoberta.
A recolha de informação de forma encoberta, sendo
ilegal está na ordem do dia porque a maior potência mundial em termos
informacional tem utilizado a sua capacidade financeira, tecnológica e humana
para monitorar e controlar o demais governos do Mundo.
A descoberta da inexistência de segredos de Estado
começou com a divulgação, por parte da Wikileaks de dados sobre a forma como os
EUA tratam e pensam sobre os outros Estados. A situação foi bastante
constrangedora, mas ao abrigo da luta contra o terrorismo internacional e
fazendo uso do seu grande poder de influência a situação foi minimizada.
Não passou muito tempo até que um antigo técnico da
CIA, Edward Snowden, decidiu evadir-se do país levando consigo dados sobre a
espionagem que os EUA fazem ou fizeram em todos os sentidos e lugares. No topo
da polêmica actual está a reclamação da França que nos últimos cinco anos tem
procurado melhorar as suas relações bilaterais com os EUA. Mas o Brasil, a
Rússia, China, Líbano e outros Estados e organizações também foram visados pela
espionagem.
Os EUA estão a tentar gerir a crise, mas há um grande
mal-estar generalizado. A espionagem não foi feita somente aos potenciais
inimigos, todos estão na mira da espionagem, inclusive os aliados. Os dados
recolhidos são utilizados para manter a influência americana no mundo,
fortificando o seu lugar de líder mundial.
Os EUA mantém sob seu controlo os meios de
comunicação. e-mails, telefones, bases de dados informatizadas, recrutamento
humano e outros meios de recolha de informação são utilizados para enriquecer a
sua base de dados.
A maior parte dos Estados que viram os seus
dirigentes e intuições espionados já protestaram, mas como uma grande
potência, os EUA estão a gerir da melhor forma que podem, diga-se de passagem
de forma arrojada. Não se justifica tais acções, sobretudo aos seus próprios
aliados e colaboradores.
Nesta nova era da informação todos temos que nos
adaptar a realidade da não existência de segredos pessoais ou de Estado, esse
facto torna a estratégia mais complexa e profunda.
Sem comentários:
Enviar um comentário