Por:
Belarmino Van-Dúnem
O ANC realiza o seu
congro de 16 a 20 de Dezembro de 2012 para eleição do Presidente do Partido,
cargo desempenhado até a data pelo Presidente Jocob Zuma. Os preparativos para
o congresso decorreram sem grandes sobressaltos, apesar dos dossiers
complicados que o partido teve que gerir nos últimos tempos: a expulsão do
líder da juventude Julius Malema por indisciplina e ataques contra a liderança
de Jocob Zuma; no mês de Agosto de 2012, a polícia sul-africana disparou contra
um grupo de mineiros que se encontravam em greve, tendo morto cerca de 34
pessoas; a economia sul-africana não cresce e o problema energético é cada vez
mais premente; a maioria negra continua a reclamar maior integração económica e
social, algumas estatísticas recentes demonstraram que a população negra ganha
duas vezes menos que a população de raça branca e indianos; por último, os
índices de segurança são bastante baixos na África do Sul, nos últimos dias um
cidadão moçambicano foi morte depois de ter sido arrastado por um carro da
policia.
O Presidente Jacob Zuma
chegou ao cargo em 2007, depois de uma batalha cerrada contra Presidente Thabo
Mbeki que teve que renunciar ao cargo de Presidente da República. Na sequência Kgalema
Motlanthe assumiu a presidência de forma interina durante oito meses (de
Setembro de 2008 a Maio de 2009). Kgalema
Motlanthe tem feito um percurso que o coloca numa posição privilegiada para
assumir o cargo de Presidente da República caso faça uma boa gestão da sua
imagem.
Talvez esteja já a
pensar nessa possibilidade que Kgalema Motlanthe aceitou a sua nomeação para
candidato a presidente do ANC. Embora tivesse poucas possibilidades de vencer,
os adversários de Jocob Zuma colocaram todas as suas esperanças numa
reviravolta nos últimos momentos da votação.
O Presidente Zuma
conseguiu três quartos dos 4.500 delegados que participaram no congresso. Mas
com adversários como Julius Malema, Thabo Mbeki e outros a vitória é na próxima
campanha é sempre incerta. A bandeira dos opositores de Jocob Zuma tem sido os
altos índices de corrupção e as constantes tensões entre o patronato e os
operários que constituem a base eleitoral do ANC.
O Presidente Zuma está
apostado na continuidade das reformas económicas, no aprofundamento das
parcerias com os países emergentes e na busca de novos mercados para os
produtos sul-africanos. A afirmação da África do Sul a nível internacional e a
moderação com que tem gerido os dossiers internos dão-lhe uma margem
confortável para o pleito eleitoral de 2014. No lado da ala que apoia Jacob
Zuma, o nome de Cyril Ramaphosa é apontado como o próximo vice-presidente caso
Jacob Zuma seja reeleito.
A dúvida que paira no
ar é se o ANC saiu do último congresso sem mais uma cisão. O receio é a
fragmentação do partido tal como aconteceu no congresso de 2008. Desde 1994 que
o ANC tem conseguido vencer as eleições na África do Sul. Embora o consenso no
seio do partido é cada vez mais raro.
Numa época em que a
intervenção de Nelson Mandela é cada vez mais rara, o ANC precisa de
reencontrar a unidade interna para enfrentar os desafios futuros e tentar
implementar os projectos que fizeram desse partido o principal galvanizador da
luta contra o regime racista do Apartheid. O homem do momento é Jocob Zuma,
resta saber que conseguirá renovar o mandato de Presidente tal como aconteceu no
congresso.