segunda-feira, 13 de agosto de 2018

BRICS E ANGOLA

PARA ANGOLA SEGUIR O CAMINHO DOS BRICS

Por: Belarmino Belarmino Van-Dúnem

O conceito de BRICs foi usado, pela primeira vez pelo economista Jim O´Neeill, investigador do Banco Goldman Sachs, num dos seus estudos em 2001, com o tema "Construção de uma Melhor Economia Global BRICs", a atenção foi no sentido de um potencial domínio económico dos BRICs no futuro, tendo em conta as caractéristicas internas, não só de recursos, mas também do ponto de vista demográfico.
O grupo foi criado em 2006 tendo como fundadores o Brasil, a Rússia, a Índia e a China. Os três continentes estavam representados, nomeadamente a Ásia, Europa e América Latina. Mas faltava um representante do continente africano. A África do Sul participava noutro grupo com a mesma essência. O Grupo IBAS (Índia, Brasil & South Africa, o objectivo era criar sinergias para um melhor aproveitamento das potencialidades internas e conquistar as mais-valias existentes no exterior com o apoio de parceiros regionais almejando um comércio internacional mais justo.
O Brasil e a India já estavam integrados no BRICs, não foi difícil convencer a Rússia e a China da necessidade de colocar no grupo a África do Sul porque para além de representar o continente africano no fórum é o país mais industrializado de África e com uma diplomacia económica assinalável, desde a exportação de produtos acabados, influência política até a participação em missões de paz com efectivos militares.
Os BRICS são importantes porque juntos “ocupam 26 por cento da área total da terra, reúnem 43 por cento da população mundial e respondem por 23 por cento do PIB mundial”. As economias nacionais têm conhecido um crescimento contínuo, com algumas excepções. Mas o mais interessante são as projecções de várias organizações internacionais que predizem um domínio dos BRICS ao nível mundial do ponto de vista económico até 2050: China US$ 58,499 trilhões; India US$ 44, 128 trilhões; Brasil US$ 7, 540 trilhões.
É necessário fazer referência que alguns países que dominam a economia mundial na actualidade continuarão no top 10, nomeadamente os EUA US$ 34,103 trilhões; a Alemanha US$ 6,779 trilhões e; Reino Unido com US$ 5, 369 trihões.
Caso se pense integrar outros países para que o BRICS seja determinante económica e politicamente no futuro deve-se ter em conta Estados com grandes potencialidades económicas, mas sem projecção política internacional suficiente actualmente, entre os quais destacam-se a Indonésia com US$ 10, 502 trihões; o México com US$ 6, 863 e; o Japão com US$ 6, 779 trilhões;
O Presidente João Lourenço esteve presente na qualidade de convidado na reunião do BRICS na África do Sul em 2018 e manifestou o interesse em integrar Angola no grupo, intenção partilhada pelo anfitrião do encontro, Cyril Ramaphosa Presidente da Africa do Sul.
Não há dúvidas que países como o México, Indonésia e até o Japão estejam interessados em fazer parte de grupos com o foco dos BRICS. No entanto não passa despercebido que até 2050, segundo essa projecção, nenhum Estado africano estará no top 10 da economia mundial, no entanto com excepção da África do Sul os BRIC estarão entre as dez primeiras economias em 2050.
Há uma grande espectativa relativamente a África do Sul que irá albergar o Banco do BRICS e grande parte dos investimentos do Grupo. Actualmente é o país que mais investe na educação, tanto ao nível do continente africano como comparando com os restantes membros do grupo BRICS.
Angola deverá fazer o mesmo, investir na educação, na investigação e capitalizar os técnicos existentes no país. Os países que integram o grupo BRICS têm dimensão económica assinável portanto, para pertencer a esse grupo é necessário ter ambições económicas reais com uma aposta clara na produção, na inovação e nas novas tecnologias, na industrialização e na potencialização dos empresários nacionais, numa complementaridade entre os grandes industriais e as medias e pequenas empresas.
A Projecção geopolítica de Angola na África Austral e Central, nas regiões do Golfo da Guiné; dos Grandes Lagos; PALOP; CPLP; Zona de Livre Comércio Continental e demais acordos comerciais internacionais, conjugando com as potencialidades naturais internas em termos de acesso ao mar, lagos e rios, existência de terras aráveis, minérios, madeira e outros recursos. a existência de recursos humanos altamente qualificados é chave, esse é o caminho!