RELAÇÃO SINO/ANGOLANA:
TRINTA ANOS DE
RELAÇÕES BILATERAIS
Por: Belarmino Van-Dúnem
A República
Popular da China é, na actualidade, o Estado que faz a diferença no que diz
respeito a abordagem na cooperação. O desenvolvimento de infra-estruturas, a
construção de materiais de construção e de ponta para as novas tecnologias, o
reforço do sector da defesa e segurança, na formação de quadros nas mais
diversas áreas, enfim, a presença chinesa está em todas as áreas de
desenvolvimento.
A China conseguiu
democratizar a cooperação. Este conceito "cooperar" encontrou o seu
verdadeiro sentido, independentemente da dimensão do país em termos territoriais,
da densidade demográfica, das riquezas do subsolo e do poder efectivo a nível
internacional, o governo da República Popular da China encontra sempre um
espaço para a cooperação.
Os princípios
gerais da política externa chinesa criaram um novo ambiente de cooperação a
nível internacional e os Estados africanos têm sido os mais beneficiados.
Sobretudo porque na base da política externa chinesa estão os seguintes
princípios:
Impulsionar o estabelecimento da nova ordem
política e económica internacional justa e razoável. Os cinco princípios de
coexistência pacífica e outras normas reconhecidas pela comunidade
internacional devem ser a base desta nova ordem (princípios de coexistência
pacífica, do respeito mútuo pela soberania e pela integridade territorial, não-agressão
mútua, não interferência nos assuntos internos de outros países, igualdade e
benefício recíproco).
Aplicar a política de abertura total ao
exterior. Desejar desenvolver intercâmbio comercial, cooperação económica e
tecnológica, e intercâmbio científico e cultural com todos os países e regiões
com base na igualdade e benefício recíproco.
Participar activamente nas actividades
diplomáticas multilaterais. Ser uma força firme da salvaguarda da paz mundial e
da estabilidade regional. Estes valores deveriam ser adoptados a nível
universal, por enquanto têm guiado a política externa da China.
A cooperação
entre a China e os Estados africanos data dos tempos da luta contra a opressão
colonial. Os movimentos de libertação nacional tiveram um grande apoio da
China, mas a cooperação entre o gigante asiático e os Estado africanos se
intensificou depois das respectivas independências.
No que concerne
a cooperação Angola/China pode-se afirmar que sempre houve contactos bilaterais
desde os tempos da luta de libertação contra o jugo colonial. Há 30 anos que a
República Popular da China mantém relações diplomáticas e de cooperação com o
governo angolano. A cooperação é diversificada e afecta os mais diversos
sectores.
As relações
diplomáticas entre a República Popular da China e a República de Angola
intensificaram-se desde 1998 quando, o Presidente da República, José Eduardo
dos Santos efectuou uma visita oficial a China, tendo feito uma segunda visita oficial
no ano de 2008. Mas é necessário realçar que a primeira visita oficial do mais
alto magistrado da nação angola à China aconteceu em 1988.
A visita do Presidente dos Santos foi
antecedida pela visita do actual Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
Piedade Dias dos Santos, em 2006, nas vestes de Primeiro-ministro. No ano de
2010, o Vice-Presidente efectuou mais uma deslocação oficial. As trocas
comerciais se intensificaram e no ano de 2011, o então Ministro de Estado e
Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Professor Carlos Feijó efectuou
uma visita oficial à China.
A reciprocidade
de visitas oficiais também foi uma realidade. No ano de 2006, o então
Primeiro-Ministro, Wen Jiabão efectuou uma visita oficial à Angola. O Secretário
da Comissão da Inspecção Disciplinar do Comité Central do Partido Comunista
(CCPCC) e Membro Permanente do mesmo, Sr. He Guoqiang visitou Angola em 2008.
As relações
entre os dois Estados alcançaram uma dimensão que em 2010, na sequência da
visita efectuada à Angola do então Vice-presidente da República Popular da
China, Xi Jingping, eleito Secretário-Geral do CCPCC no último congresso, em
Março deste ano será eleito Presidente da República.
O Vice-Primeiro Ministro da República Popular
da China, Wang Qishan visitou Angola em Março de 2011, no mês de Maio do mesmo
ano, o Presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular da China, Wu
Bangguo faz também uma visita oficial à Angola.
A troca de
delegações oficiais de alto nível entre os dois Estados demonstra que existe
uma dinâmica bastante intensa entre os dois países. Essa realidade pode ser
constatada através da análise das trocas comerciais.
As trocas
comerciais entre Angola e China não param de aumentar. Entre 2010 e 2011 as
exportações da China para Angola aumentaram 9.2 por cento, atingindo cerca de
2.78 mil milhões de dólares, no que tange as importações da China no mesmo
período, cifraram-se nos 24.9 mil milhões de dólares.
Segundo os dados
da Embaixada da República Popular da China em Angola, entre Janeiro e Outubro
de 2012, as trocas comerciais entre os dois Estados tiveram um aumento de 41.89
por cento, totalizando 31.7 mil milhões de dólares. As exportações chinesas, no
mesmo período estimaram-se em cerca de 48.73 por cento, num total de 3.3 mil
milhões de dólares, enquanto as importações estiveram na ordem dos 41.13 por
cento, atingindo os 28.3 mil milhões de dólares.
As relações
Angola/China ultrapassam as trocas comerciais e politicas, há cada vez mais
centenas de cidadãos dos dois países que viajam, quer para negócios ou para
prestação de serviços.
Neste momento
existem cerca de 263 estudantes angolanos a estudar na China, destes 94
usufruem de uma bolsa de estudo concedida pelo governo chinês. Segundo a
Embaixada da China em Angola, entre 1988 e 2011, cerca de 144 cidadãos
angolanos beneficiaram de uma bolsa concedida pelo governo chinês.
Nos finais de
2012 chegou à Angola um grupo de Estudantes formados na área das engenharias
provenientes da China. A capitalização das boas relações entre os dois países
pode criar as condições necessárias para que Angola tenha recursos humanos
capazes de catapultar o país para um desenvolvimento sustentável.
Depois de trinta
de relações bilaterais não é nenhum exagero afirmar que a República Popular da
China é um parceiro comercial, político e social com quem se deve contar na
nova conjuntura internacional. Nunca é de mais lembrar que depois da paz
definitiva em Angola, as instituições de Bretton Wood negaram qualquer tipo de
apoio, as potências financeiras ocidentais fizeram vista grossa a possibilidade
de uma conferência internacional de doadores para Angola, mas a China apostou e
hoje os resultados estão a vista de todos, são claramente positivos.