Belarmino Van-Dúnem
O desaparecimento
fisíco de Nelson Mandela pode ser considerado como a primeira efimeride global
do século XX. Nos últimos doze anos deste século não houve nenhum acontecimento
que tenha parado o mundo de forma transversal, todos os quadrantes da sociedade
mundial estiveram de forma directa ou indirecta ligados ao processo para as
exéquias funebres de Nelson Mandela.
A situação política,
social e económica na África do Sul estava em colapso no início da década de 90.
O mundo tinha assistido o fim da guerra fria e os apoios que os EUA davam para
a contenção do comunismo tinham cessado, por outro lado, a África do Sul saia
de um periodo de intensa actividade terrorista, sobretudo nos países da região
austral. A situação se agravou com o fim forçado da política de defesa
avançada, cujo proncipal factor deveu-se a derrota na Batalha do Cuito Cuanavale,
em Angola. Não houve outra saída, a África do Sul teve que implementar a
resolução 435 da ONU, que previa a independência da Namíbia e, internamente a
população branca também estava descontente com as mortes e com os indíces
elevados de ataques a bomba perpetrados pelo ANC.
No caso da África do
Sul houve um esforço muito elevado do Reino Unido e dos EUA para que a
transição do regime menoritário do apartheid para uma governação de maioria
negra fosse feito à semelhança do se havia feito no Zimbabué. No contexto
nacional só havia um homem capaz de conduzir esse processo, era um prisioneiro
que passara vinte e sete anos na prisão. Nelson Mandela cuja libertação
aconteceu em 1993 depois de três anos de intensas negociações e preparação.
Ao sair da prisão
Mandela encontrou uma África do Sul dominada pelo ódio dos negros contra a
minoria branca que os oprimia, por outro lado, a minoria branca estava num
estado de choque e de incerteza sobre o seu futuro, muitos emigraram para o
Reino Unido.
No ano de 1994 Mandela
chega ao poder, tendo vencido as eleições que ficaram na história do mundo e do
continente africano em particular. Os países da região Austral de África
continuavam a ter um relacionamento pouco caloroso com a África. Nelson Mandala
foi colocado no centro de todo processo interno e externo. O objectivo era integrar
a África do Sul no sistema internacional.
No período em que Nelson
Mandela esteve no poder, a África do Sul efectuou a abertura de Embaixadas e
Consulados na maior parte dos Estados africanos, na América Latina e na Europa.
As parcerias políticas e económicas com a União Europeia apareceram como compesação
pelos esforços de paz. As exportações da África do Sul para Europa aumentaram,
mais de noventa por cento das exportações africanas para Europa.
Enquanto o trabalho
administractivo e burocratico era feito pelos vice-presidentes, Thabo Mbeki e
Declerck, Mandela dedicava-se a diplomacia. Dentro e fora do continente
africano. No continente, Nelson Mandela liderou uma tentativa de intervenção
militar no Lesoto em 1998, apesar da parceria com o Botsuana, as forças armadas
sul-africanas tiveram que recuar sem alcançar o objectivo; A mediação entre o
Kabila (pai) e o regime de Mobutu também foi outro marco na diplomacia de
Mandela, embora tenha conseguido colocar os dois beligerantes a mesma mesa, as
tropas comandadas por Kabila acabaram por conquistar o poder a força, tendo mudado
o nome de Zaire para antiga nomeclatura de RDC.
Mas Madiba era
incansavél e se desaniva perante a adversidade. No ano de 1995/96, o General
Sani Abacha chegou ao poder por via de um golpe de Estado. Nelson Mandela
manisfestou a sua indignação e denunciou o golpe, fazendo uma campanha
internacional contra o governo liderado por Abacha. A situação foi tão
constrangedora porque a maioria dos Estados manteve relações com a Nigéria e, o
mais grave, é que Sani Abacha acabou por ser eleito Presidente em exércio da
CEDEAO. A Nigéria deixou de ter relações diplomaticas com a África do Sul na
altura. Fora do continente, Mandela ainda tentou mediar os conflitos seculares
da Irlanda do Norte e Basto na Espanha, sem qualquer efeito de longo prazo.
Madiba reformolou a ideia de uma África
apatica e sem proactividade, o continente entrou nos mapas mundiais por boas
razões. Uma diplomacia com base no prestigio de um homem que deixou um grande
legado.
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