O Processo de integração regional visto
do ponto de vista económico tem como principal objectivo criar blocos
económicos para uma maior interacção entre as economias dos Estados aderentes.
A proximidade territorial ou geográfica tem sido o principal critério para a
formação de novas organizações tanto política como meramente económicas. Mas a
similitude cultural, religiosa e até mesmo política podem estar na base da
emergência de comunidades económicas denominadas regionais, mas que transvazem
a territorialidade ou proximidade geográfica.
Embora se pense que o pensamento e a
intenção de se desenvolver o processo de integração económica em África seja
uma novidade ou consequência do fim da guerra fria, na verdade os africanos foram
pioneiros na tentativa de criar uma comunidade económica africana. As primeiras
organizações desta índole apareceram em África, organizações cujo objectivo era
a cooperação e integração económica em todas as vertentes económicas, quando
noutras latitudes do globo, o pensamento era político e a nível da economia, as
organizações tinham um carácter sectorial ou específico. É o caso dos Estados
Unidos da América que se trata de uma união política e da Comunidade Europeia
do Carvão e do Aço (CECA) instituída em 1951, apresentando-se como a génese da
actual União Europeia.
O grande debate a volta da integração
regional gira em torno de dois paradigmas teóricos: O primeiro está
estritamente ligado ao supranacionalismo que se baseia nos pressupostos da
teoria neo-funcionalista. Nesta teoria o enfoque principal é dado as
instituições centrais criadas especificamente para dinamizar o processo de
integração regional, através das quais se põe fim às tendências de competição
que existem entre unidades políticas separadas (Estados Soberanos). Segundo o
grande teórico do neo-funcionalismo Ernst Haas (1987), a integração regional é
o processo pelo qual os actores políticos de diferentes proveniências nacionais
são levados a transferir as suas lealdades, expectativas e actividades políticas
para um novo centro, cujas instituições possuem, ou reivindicam, jurisdição
sobre os Estados nacionais preexistentes. O resultado final de um processo de
integração política é uma nova comunidade política, que se impõem as
comunidades preexistentes.
Este tipo de tendência leva a crer que o
processo de integração económica tem como fim a união política dos Estados e consequentemente
o bem-estar geral, facto que ainda está por se provar, sobretudo depois das
dificuldades que a Comissão da União Europeia tem enfrentado para implementar
determinados dossiers e a actual crise que algumas economias da comunidade
atravessam com a relutância dos restantes membros da comunidade em assumir de
forma comunitária as consequências. Mas, por outro lado, a intransigência dos
cidadãos em cumprir com as directrizes emanadas a partir de Bruxelas como
condição para ajudar os Estados a combater os elevados défices ficais.
A segunda corrente de opinião está
estritamente ligada à teoria intergovernamentalista que vê o Estado como
referência de todo o processo de integração. A cooperação interestatal com os
interesses nacionais a sobreporem-se enquanto motores para o processo de
integração, neste quadro há um retorno ao realismo nas relações entre as
unidades regionais. Portanto, os aspectos técnicos ficam secundarizados
relativamente aos interesses políticos ou nacionais.
No continente africano, o debate também
girou a volta destes dois aspectos. Alguns nacionalistas defendiam uma
integração imediata dos Estados através da criação de um governo federal, a então
chamada teoria do “top down”. Por outro lado, estava o grupo de nacionalistas que
defendiam um processo de integração gradual, por fases, com a finalidade de se
chegar à união política, este pensamento está exposto no Plano de Lagos
adoptado em 1980, mas outras perspectivas já haviam sido postas em prática.
A primeira União Aduaneira de iniciativa
africana que se conhece é a SACU (1889, 9869), União Aduaneira da África
Austral com a África do Sul no centro de todo o processo; União Económica e
Aduaneira da África Central (1964); Comunidade dos Estados o Oeste Africano
(1967); União Aduaneira dos Estados da África Ocidental (1966); dentro das
iniciativas para a integração em África nos anos 60, também deve-se incluir o
Banco dos Estados da África Central (1961). Nos 80 surgiram muitas outras das
quais Angla, já independente, aderiu na primeira oportunidade que teve.
A SADCC criada em 1980 teve a adesão de
Angola desde a primeira hora. Numa primeira fase, a Conferência tinha como
principal objectivo atenuar a influência económica da África do Sul na região e
no continente de forma geral. Em 1980 a SADCC foi transformada na SADC onde
ficaram incluídos tanto os Estados da SACU como da SADCC, para além de outros
Estados que foram aderindo. Mas as circunstâncias ditaram que Angola aderisse
também a Comunidade Económica do Estados da África Central criada em 1993.
As duas organizações acima descritas e
de que Angola faz parte como membro de plenos direitos e, sem grande margem de
errar, o país tem condições de se transformar num dos Estados directores dessas
organizações. Esta pretensão legítima de Angola, estão espelhadas em documentos
estratégicos como a Agenda Nacional de Consenso, nos Discursos oficiais e nas acções
que têm sido levadas a cabo tanto pelo executivos e demais actores que
concorrem para as relações internacionais de Angola de modo geral.
Mas para que esse desidrato seja
executado com eficiência e eficácia o país tem que se organizar e estruturar de
modo a não interagir com os restantes Estados. O primeiro passo nesse sentido e
a elaboração, discussão e aprovação de uma estratégia para a Política Externa
nacional; eleger critérios abrangentes para a eleição dos Estados estratégicos
para o país e desenvolver uma estratégia específica para cada um deles segundo
o pressuposto levado em conta; laboração de uma agenda nacional de divulgação
dos objectivos do país em cada uma das regiões onde está inserida e para os
restantes parceiros internacionais.
A nível das estruturas urge a
necessidade de criar uma Secretária de Estado Nacional de integração regional
com a finalidade de coordenar as acções e actividades do processo das duas
organizações sob direcções do Ministério das Relações Exteriores. Actualmente
existe o Secretariado Nacional da SADC, coordenado pelo Ministério do
Planeamento enquanto órgão motor, do ponto de vista económico mas a luz da
organização governamental da segunda República, uma vez que no actual executivo
surge o Ministério da Economia e que é tutelado por um Ministro de Estado. Mas
também existe a necessidade de se reflectir sobre a estrutura nacional a nível
da CEEAC. Para além de tudo a disposição e dispersão de técnicos nas Embaixadas
sedes e nos diversos ministérios que de forma directa intervêm no processo de
integração regional.