Por: Belarmino
Van-Dúnem
O humanismo pode ser
definido como o sistema de pensamento que coloca o ser humano no centro de
todas as acções. O verdadeiro humanismo se materializa na valorização do Homem,
das suas acções e na capacidade do ser humano em respeitar o próximo, agir com
base nos princípios da justiça e da liberdade de pensamento, mas também na
solidariedade que cada um deve nutrir pelo outro.
Augusto Comte, pai do
positivismo, afirmou: "Viver para os outros não é
somente um acto de dever, mas também um acto de felicidade". Devemos ter cuidado quando
interpretamos a afirmação de Comte, o autor acreditava na evolução do ser
humano, desde o estádio teológico (mitos e crenças), passando pelo estádio
metafisico até ao estádio positivo, em que a humanidade teria possibilidade de
explicar todos os fenómenos naturais e sociais através da ciência, Comte
acredita sempre na humanidade enquanto agente do desenvolvimento e da felicidade.
Portanto, servir os outros é contribuir para o bem da humanidade.
Nos dias que correm, há uma tendência para as pessoas se servirem dos
outros. O ser humano está reduzido a si, se transformou em meio para realização
dos objectivos e desejos de um pequeno número de capitalistas. Mas o
desinteresse e desvalorização pelo ser humano é tal, que poucos se lembram do
outro. Há duas percepções erradas que as sociedades modernas provocam:
a) A percepção do “eu” em detrimento do “nós”. É
normal ouvir os jovens criminosos afirmar: “fiz porque eu estava embriagado” ou
“cometi porque não tenho emprego”. Mas se essa mesma situação for enquadrada no
plural, chegar-se-á a conclusão que o “outro” não tem culpa, portanto não pode
pagar por algo que não lhe diz respeito.
b) A percepção do “nós” global e envolvido na
mesma acção e situação do “outro”. O vizinho coloca a música alta porque está
na sua casa, portanto todos devem aceitar e coabitar com a sua alegria ou
tristeza.
As coisas andam assim porque somos todos
iguais e, portanto devemos aceitar e consentir sob pena de sermos considerados
anormais, ficando mal na fotografia colectiva.
Há uma tendência para uniformização dos comportamentos. O normal, algo
praticado pela maioria, tende a vincar sobre o bem, saudável, necessário e
desejado para uma sociedade sã. O ser
deixou de ter importância, bastando
apenas ter. A idade cronológica,
pouca ou nenhuma importância tem, o mais importante é ter (o mano mais velho é aquele que mais posses exibe). Quando não
temos ou se formos pobres, nos transformamos em eternas crianças, aliás somos tratados
como tal.
É necessário reencontrar o humanismo através do amor ao próximo.
Respeitando a liberdade dos outros, criando e vivendo com valores positivos que
engradeçam o ser humano.
Não devemos apregoar um igualitarismo regressivo, demagogo e retrógrado,
algo que anule a meritocracia, mas o culto da bondade, compreensão e respeito
pelo ser humano devem pautar a conduta dos Homens e Mulheres em sociedade.
Há uma sensação de desnorteamento geral, ninguém sabe para onde ir ou ao
que ater-se. A única certeza é que o princípio: “cada um por si e deus entre nós” tem feito escola. Numa sociedade
como a angolana, que está a reergue-se de um longo passado de guerra, em todos
coabitavam e entreajudavam-se em situações mais difíceis há uma margem
considerável para sermos diferentes.
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