NOVA PRESIDENTE DA
UNIÃO AFRICANA
Por. Belarmino Van-Dúnem
A Cimeira dos Chefes de Estado e
de Governo que decorreu no mês de Janeiro de 2012, deixou o continente na
expectativa relativamente a presidência da Comissão da União Africana. O então
presidente, Jean Ping, com a nacionalidade gabonesa a muito que era alvo de
criticas cerradas em alguns círculos, relativamente a sua tendência
pro-ocidental. Por outro lado, durante o mandato de Jean Ping, o continente
teve um conjunto de retrocessos no que concerne ao pan-africanismo (os
africanos no centro da resolução dos problemas do continente).
A forma como a organização geriu
a situação da Costa do Marfim, as convulsões nos países da África do Norte, na
Guiné-Bissau, a actual situação no Mali, o diferendo entre o Sudão do Sul e a
República Islâmica do Sudão, o recrudescer do conflito no Norte do Kivu na RDC
e a já crónica situação da Somália deixaram muito a desejar.
Desde a cinco anos para cá, o
continente africano também não conheceu grandes avanços a nível económico. As
Organizações Económicas Regionais continuam a gerir os memos dossiers e, a
nível da Força Africana em Stand by todos os exercícios regionais foram
realizados, mas até a data não se conhece nenhuma acção concreta.
A candidatura da Ministra do
Interior da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma, é vista como uma reviravolta
na gestão dos problemas do continente africano.
1. Pela Primeira vez uma Senhora
é eleita para um cargo do género em África;
2. Um dos países directores do
continente chega a presidência da organização, até a data os maiores
contribuintes não se candidatavam para esse tipo de cargos, tal como acontece
nas Nações Unidas, onde nenhum dos cinco membros do Conselho de Segurança se
candidata ao cargo de Secretário-geral.
3. O formalismo do não
afrontamento diplomático caiu por terra. Tanto o Gabão como a África do Sul
levaram a contenda até ao fim, pondo em acção os seus parceiros dentro e fora
do continente. A disputa foi renhida, mas desta vez a candidata da África do
Sul conseguiu o voto de 37 delegações, mais três votos do que o necessário para
atingir a maioria de dois terços.
A nova gestora da União Africana
tem experiencia, já foi Ministra da Saúde durante a presidência de Nelson
Mandela, tendo feito a primeira denúncia contra a gravidade da epidemia do
HIV/SIDA na África do Sul. Enfrentou o poder das farmacêuticas relativamente ao
acesso aos antiretrovirais genéricos.
O Presidente Thabo Mbeki
confiou-lhe a pasta das Relações Exteriores. Enquanto Ministra das Relações
Exteriores consolidou a presença da África do Sul pelo mundo. O país foi o
primeiro Presidente da União Africana em 2000, trouxe o primeiro mundial para
África e esteve na base da criação da NEPAD.
O actual Presidente da África do
Sul, Jocob Zoma, atribui-lhe a pasta do Interior onde, segundo consta, colocou
ordem no Ministério. Conhecida como “Dama de Ferro” pelos seus compatriotas,
Dlamini-Zuma não terá uma tarefa fácil, tendo em conta os dossiers actuais no
continente. Mas o pragmatismo que lhe é característico e a vasta experiência
que tem nessas lides deixam boas esperanças ao continente.
Não se pode deixar de mencionar o
trabalho da África Austral, SADC, para a concretização da eleição da Dlamini
Zuma. A SADC teve Angola na frente diplomática. Enquanto presidente em
exercício da SADC, Angola desdobrou-se em contactos bi e multilaterais,
portanto essa é também uma vitoria diplomática para os Angolanos e todos os
cidadãos da África Austral que vêem, pela primeira vez, um presidente da União
África a sair da região.
Neste momento é esperar para ver,
como afirmou o Presidente do Beni, Thomas Boni Yayi, Presidente em exercício da
União Africana, não há vencidos e vencedores, África ganhou. O próprio Jean
Ping teve uma grande atitude. Reconheceu a derrota e disponibilizou-se para
trabalhar com a nova Presidente da Comissão da União África.
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