terça-feira, 24 de julho de 2012

NOVA PRESIDENTE DA UNIÃO AFRICANA


                                    NOVA PRESIDENTE DA UNIÃO AFRICANA

Por. Belarmino Van-Dúnem

A Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo que decorreu no mês de Janeiro de 2012, deixou o continente na expectativa relativamente a presidência da Comissão da União Africana. O então presidente, Jean Ping, com a nacionalidade gabonesa a muito que era alvo de criticas cerradas em alguns círculos, relativamente a sua tendência pro-ocidental. Por outro lado, durante o mandato de Jean Ping, o continente teve um conjunto de retrocessos no que concerne ao pan-africanismo (os africanos no centro da resolução dos problemas do continente).

A forma como a organização geriu a situação da Costa do Marfim, as convulsões nos países da África do Norte, na Guiné-Bissau, a actual situação no Mali, o diferendo entre o Sudão do Sul e a República Islâmica do Sudão, o recrudescer do conflito no Norte do Kivu na RDC e a já crónica situação da Somália deixaram muito a desejar.

Desde a cinco anos para cá, o continente africano também não conheceu grandes avanços a nível económico. As Organizações Económicas Regionais continuam a gerir os memos dossiers e, a nível da Força Africana em Stand by todos os exercícios regionais foram realizados, mas até a data não se conhece nenhuma acção concreta.

A candidatura da Ministra do Interior da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma, é vista como uma reviravolta na gestão dos problemas do continente africano.

1. Pela Primeira vez uma Senhora é eleita para um cargo do género em África;

2. Um dos países directores do continente chega a presidência da organização, até a data os maiores contribuintes não se candidatavam para esse tipo de cargos, tal como acontece nas Nações Unidas, onde nenhum dos cinco membros do Conselho de Segurança se candidata ao cargo de Secretário-geral.

3. O formalismo do não afrontamento diplomático caiu por terra. Tanto o Gabão como a África do Sul levaram a contenda até ao fim, pondo em acção os seus parceiros dentro e fora do continente. A disputa foi renhida, mas desta vez a candidata da África do Sul conseguiu o voto de 37 delegações, mais três votos do que o necessário para atingir a maioria de dois terços.

A nova gestora da União Africana tem experiencia, já foi Ministra da Saúde durante a presidência de Nelson Mandela, tendo feito a primeira denúncia contra a gravidade da epidemia do HIV/SIDA na África do Sul. Enfrentou o poder das farmacêuticas relativamente ao acesso aos antiretrovirais genéricos.

O Presidente Thabo Mbeki confiou-lhe a pasta das Relações Exteriores. Enquanto Ministra das Relações Exteriores consolidou a presença da África do Sul pelo mundo. O país foi o primeiro Presidente da União Africana em 2000, trouxe o primeiro mundial para África e esteve na base da criação da NEPAD.

O actual Presidente da África do Sul, Jocob Zoma, atribui-lhe a pasta do Interior onde, segundo consta, colocou ordem no Ministério. Conhecida como “Dama de Ferro” pelos seus compatriotas, Dlamini-Zuma não terá uma tarefa fácil, tendo em conta os dossiers actuais no continente. Mas o pragmatismo que lhe é característico e a vasta experiência que tem nessas lides deixam boas esperanças ao continente.

Não se pode deixar de mencionar o trabalho da África Austral, SADC, para a concretização da eleição da Dlamini Zuma. A SADC teve Angola na frente diplomática. Enquanto presidente em exercício da SADC, Angola desdobrou-se em contactos bi e multilaterais, portanto essa é também uma vitoria diplomática para os Angolanos e todos os cidadãos da África Austral que vêem, pela primeira vez, um presidente da União África a sair da região.

Neste momento é esperar para ver, como afirmou o Presidente do Beni, Thomas Boni Yayi, Presidente em exercício da União Africana, não há vencidos e vencedores, África ganhou. O próprio Jean Ping teve uma grande atitude. Reconheceu a derrota e disponibilizou-se para trabalhar com a nova Presidente da Comissão da União África.

 

   

    

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