CHINA MAIOR
PARCEIRO ECONÓMICO DE ÁFRICA
PANAFRICA-CHINISMO:
Por: Belarmino Van-Dúnem
Não é novidade para ninguém que a China se transformou no
maior parceiro financeiro e económico dos Estados africanos. Mas devo
acrescentar que a China também é melhor parceiro para o desenvolvimento para a
maior parte dos Estados africanos.
A política externa económica chinesa tem merecido várias
críticas, mas os que criticam também recorrem à China para viabilizar as suas
economias. Os países da Europa Ocidental e os EUA abdicaram da produção em
serie (fordismo) e adoptaram a
produção descentralizada com um pendor globalístico. A protecção das suas
patentes faz com que os produtos continuem a ser comercializados como marcas
nacionais, mas na verdade tudo é feito na China e/ou na Ásia.
Os chineses têm a mão nas maiores construções do mundo,
tanto nos EUA como na América Latina. A China é o maior país do mundo em
desenvolvimento e o continente africano é o que possui o maior número de países
em desenvolvimento. A China tem capital financeiro e humano, por outro lado,
está predisposta a abrir os “cordões da
bolsa” para injectar “dinheiro vivo”
em qualquer economia do globo, portanto, quem quer efectivar os seus projectos
de desenvolvimento vai à China.
Os grupos que criticam os moldes como a China tem
desenvolvimento a sua cooperação com os países africanos tiveram oportunidade
para fazerem ou orientarem o desenvolvimento dos Estados africanos. As ex-colónias
foram abandonadas à sua sorte, mesmo depois das independências as antigas
potências colonizadoras continuaram a fomentar o caos, apoiando grupos
rebeldes, dando-lhes o estatuto de beligerantes. Estamos no século XXI e ainda
existem países que traçam as suas políticas externas com pressupostos interventivos,
pondo em causa o que de mais básico do ordenamento jurídico internacional.
No interregno de uma década e meia a China transformou-se no
maior parceiro dos países africanos e transformou a paisagem urbana e não só
dos países africanos. Desde os caminhos-de-ferro, passando pelas estradas,
hospitais, habitação, edifícios administrativos, electrificação, canalização de
água potável, escolas, produção de alimentos, parcerias publico ou privadas
para a exportação de matéria-prima e formação de técnicos nas mais diversas
áreas e transporte de tecnologia.
O intercâmbio
político e cultural também tem sido real. O povo vai à China, já lá se foram os
tempos em que as “muambeiras” compravam nos armazéns. Os chineses cumprem
prazos, honram a sua palavra quando prometem verbas e mais, em condições de
reembolso que nem o FMI, Banco Mundial, a OMC e muito menos os parceiros
ocidentais se mostram disponíveis a disponibilizar. Alias, os países ocidentais
têm vindo ao continente africano partilhar os gastos através das suas empresas
e cidadãos.
Segundo o Documento de reflexão da Embaixada chinesa em
Angola, publicado em Fevereiro de 2012, o investimento chinês em África
calcula-se em mais de 40 mil milhões de dólares e cerca de 14,7 mil milhões de
dólares são investimentos directos. O número de empresas chinesas em África já
ultrapassa as 2 mil.
O mesmo Documento informa ainda que as trocas comerciais
passaram de 129,5 mil milhões em 2010 para 160 mil milhões em 2011, o que faz
da China o maior parceiro comercial do continente africano.
As oportunidades que a China está a proporcionar ao
continente africano marcará todo o século XXI, mas os menos atentos poderão
pensar que a China é o maior parceiro comercial só do continente africano, mas
até Janeiro de 2012, a China foi o maior parceiro comercial do Brasil, um país
emergente que alguns já a têm como a futura potencia mundial.
O continente africano tem se desenvolvido aos olhos de todos
e a China é responsável por essa transformação positiva. A filosofia da
cooperação chinesa com base na reciprocidade deve ser incentivada e preservada.
Os Estados africanos devem encarar o desafio de gerir essa cooperação com uma
visão futurista já que a China está presente em todos os sectores, pode-se
afirmar que há uma espécie de “panafrica-chinismo”.
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