Por: Belarmino Van-Dúnem
Os Estados Unidos da América constituem
uma República federativa. O sistema federal dos EUA dá uma autonomia alargada
aos Estados, desde a legislação até a forma de votação e contagem dos votos.
Alias, o sistema eleitoral norte-americano surge precisamente pela desconfiança
que os fundadores da nação mais poderosa do mundo tinham dos partidos
políticos. Portanto, criaram um sistema que não depende absolutamente dos
partidos.
A fórmula foi engenhosa, cada
Estado, em função da densidade demográfica, elege os seus delegados. Os
delegados, apesar de representarem os seus partidos políticos, não são
obrigados a votar no candidato escolhido pelo partido. A prorrogativa do
delegado votar ou não no candidato do partido para o qual o eleitorado do seu
Estado o indicou tem duas implicações: uma para o bem e outra para o mal.
Não deixa de ser um bom exercício
de democracia racional fazer uma eleição da eleição, ou seja, acreditando que
alguns cidadãos considerados idóneos, com reconhecimento nas respectivas
comunidades, ponderados e bem capacitados possam confirmar a escolha da
maioria. Por exemplo, o partido nacionalista formado por Hitler dificilmente
colocaria um Chefe de Estado nos EUA, porque ainda que conseguisse uma maioria
de delegados em alguns Estados, esses não seriam suficientes para coloca-lo a
frente dos destinos da Nação. Por outro lado, sabendo que dentro do partido
nacionalista houve várias conspirações, os delegados que não estivessem satisfeitos
votariam contra. Isso aconteceu em 2000, o candidato do partido democrata, Al
Gore, teve mais delegados que o Presidente George W. Bush. No final, o partido
republicano conseguiu eleger o presidente, significa que alguns delegados do
partido democrata votaram ao contrário.
A outra face do sistema eleitoral
americano é o facto de ser questionável, o facto do povo não escolher
directamente o seu representante máximo e ter vários filtros no sistema para
que indicar quem deve liderar o país no período de quatro anos, porque para
além dos delegados há os super-delegados, aqueles com responsabilidades de
direcção nos respectivos partidos. Nos EUA o candidato do povo, pode perder as
eleições por vontade dos delegados caso queiram contrariar a vontade popular.
Nas eleições do dia 6 de Novembro
de 2012, primeira terça-feira, depois da primeira segunda-feira do mês de
Novembro, o Presidente Barack Obama tenta um segundo mandato, numa conjuntura
bastante difícil, tanto politicamente, na economia e do ponto de vista da
segurança. Apesar de ter o bónus relativo a morte do Bin Landen e por
beneficiar da simpatia de maioria dos jovens americanos.
Os americanos estão perante um
verdadeiro teste, o candidato republicano Mitt Ronney defende menos intervenção
do Estado na economia, mais incentivo a classe média e estes por sua vez
deverão impulsionar a economia e criar mais emprego. Barack Obama, candidato a
sua própria sucessão defende mais intervenção do Estado no sistema económico e
financeiro, regulamentação, quem ganha mais paga mais, incentivo do Estado para
que as empresas criem mais emprego, sistema de saúde para todos, mais liberdade,
mais igualdade. Ao contrário do teorema de Pitágoras (A soma dos quadrados dos
catetos é igual ao quadrado da hipotenusa), nas presidenciais americanas o
resultado é incerto, assim como também não se sabe quem é o melhor para
conjuntura actual.
No que concerne a política
externa, algo que para mim é o mais importante como estrangeiro, claro, também
as diferenças são notáveis. Romney defendeu uma América que esteja na liderança,
que seja modera da nova ordem mundial, trazendo os EUA para o epicentro das
questões mundiais. Um desejo um pouco desajeitado, tendo em conta a realidade
do sistema internacional hodierno, com países emergentes: a China como portador
da algibeira universal, a Rússia com Putin claramente anti – hegemonista, o
Brasil, a Índia, o Japão e a Alemanha a reclamarem o seu lugar nas decisões
globais e uma África que, apesar de muda também vai gesticulando para dizer que
deve ser tida e achada face aos problemas globais.
O Presidente reeleito Barack Obama
defende uma maior parceria com os europeus, luta contra o terrorismo
internacional através de estados cooperantes, colocar as finanças ao serviço da
economia e não o contrário como esta a acontecer na Europa, onde a crise está a
ser resolvida através do reforço da austeridade, apertar o cinto através da
opção zero para investimentos, dar possibilidade de recuperar as finanças.
O leitor deve estar a perguntar:
e nós, os africanos, o que pensam os dois candidatos? A minha resposta é a
mesma, ambos pensam o mesmo, mais democracia, abertura do mercado para entrada
de produtos, fortalecimento da instituições democráticas, paz, luta contra o
HIV/SIDA, igualdade do género e combate a pobreza extrema através de programas
cujo acesso os Estados africanos estão longe de conseguir. O povo americano
decidiu dar mais uma chance a Barack Obama, a ver vamos.
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