terça-feira, 2 de junho de 2009

Maturidade de Angola na recepção ao Papa

Maturidade de Angola na recepção ao Papa

Belarmino Van-Dúnem*

In: Jornal de Angola (2009-03-23)

O povo angolano está de parabéns, a visita do Santo Padre à Angola mostrou a capacidade e a maturidade dos angolanos na preservação da unidade e dos valores nacionais. Sua Excelência o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, esteve à altura dos acontecimentos, deslocou-se ao aeroporto 4 de Fevereiro, fez um discurso de boas-vindas e disse que o povo angolano estava desejoso e disponível para receber calorosamente Sua Santidade, o Papa Bento XVI.

Mas no discurso feito no Palácio Presidencial, o Presidente fez uma radiografia do país real, mostrando que não está alheio à situação do povo que dirige. A Polícia Nacional, por sua vez, não defraudou. Numa acção que não se via há algum tempo, comunicou atempadamente as ruas que estariam vedadas à população em geral, 12.000 efectivos oficialmente disponíveis e uma demonstração de disciplina, sem nenhuma ocorrência de excesso que ponha em causa a acção da corporação.

O principal aspecto é mesmo a discrição com que a segurança do Santo Padre foi feita, os uniformes foram substituídos pelo fato acompanhado da respectiva gravata, dando um ambiente de rigor e credibilidade a todo o evento. A Igreja também esteve ao mais alto nível, num acto de verdadeira humildade e união espiritual: as mais altas figuras da Igreja Católica em Angola fizeram um retiro reflexivo e contemplativo total, dando o protagonismo às suas ovelhas.

O Cardeal, os Bispos e os padres estiveram todos na discrição, mostrando que o Papa veio para os angolanos e não apenas para os católicos, uma verdadeira demonstração do Ecumenismo que tanto se apregoa e deseja-se.O povo deu uma lição de organização, fé e boa vontade, demonstrou afecto, carinho e disponibilidade para o ilustre visitante. O cordão humano foi imensurável, os gritos: “Papa Amigo, Angola está Contigo” não pararam, levando o Santo Padre a baixar os vidros do Papa móvel e a irradiar a sua bênção por todos quantos se dignaram deslocar-se para saudar Sua Santidade. Uma palavra de alento e conforto para as famílias que perderam os duas jovens falecidas nos Coqueiros, na esperança de verem e ouvirem a mensagem do Santo Padre para a juventude angolana.

A julgar por tudo o que se passou durante a estadia do Papa em Angola, pela organização de todos envolvidos, África saiu bem representada, Angola foi digna das expectativas. Aqui uma palavra especial para os católicos da África Austral mais São Tomé e Príncipe que estiveram aqui representados, para além de outros convidados que testemunharam a fé e a hospitalidade do povo angolano. A comunicação social estrangeira rendeu-se à organização e à fé do Povo angolano. Aliás, uma palavra também para os meios de comunicação social angolanos públicos e privados que fizeram questão de fazer uma cobertura total ao evento.

A Rádio Nacional de Angola colocou repórteres que cobriram todo o trajecto e as actividades do Santo Padre. A Televisão Pública de Angola fez o mesmo, mas apresentou um recurso que há muito tempo se esperava, um helicóptero garantiu a cobertura de todo o percurso do Papa em Luanda e o Jornal de Angola, único diário nacional, fez manchete todos os dias. É caso para dizer, Angola deu provas de maturidade e organização.

*Analista político- Coordenador do Curso de Relações Internacionais da Universidade Lusíada de Angola

1 comentário:

Anónimo disse...

bom comeco