terça-feira, 21 de abril de 2009

AFRICA É O CONTINENTE MAIS AFECTADO POR CONFLITOS DO MUNDO EM 2007

AFRICA É O CONTINENTE MAIS AFECTADO POR CONFLITOS DO MUNDO EM 2007

Por: Belarmino Van-Dúnem*
8/12/2007

O ano de 2007 não foi de muitos avanços no que concerne a prevenção e resolução de conflitos violentos em África, mas também não houve, no continente berço, novos focos de conflitos. A maioria dos conflitos vem dos anos transactos.
Segundo o Centro de Prevenção de Conflitos CRISIS GROUP (Dezembro 2007), até ao mês de Dezembro de 2007 ocorreram 70 situações de conflito no mundo. A África ao Sul do Sahara é a mais afectada por conflitos violentos com 21 situações de conflitos violentos, tendo sido identificadas 6 situações nos países que compõem o norte de África, portanto, só o continente africano alberga 27 situações de conflitos das 70 identificadas no mundo, totalizando 37 por cento dos conflitos no mundo.
Os países africanos identificados com crises violentas efectivas ou eminentes são: Na África Central - Burundi, República Centro Africana, República Democrática do Congo, Ruanda e Uganda.
Corno de África – Chade, Etiópia, Etiópia/Eritreia, Somália e Sudão.
África Austral - Ilhas Comoros e Zimbabué.
África Ocidental - Camarões, Cote d’Ivoire, Guiné; Guine, Libéria, Mali, Níger, Serra Leoa e Nigéria.
Norte de África – Algéria, Egipto, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Sahara Ocidental.
A região da Ásia aparece como a segunda mais afectada por conflitos com 21 situações, seguindo-lhe a Europa com 18, sobretudo, na região dos Balcãs. A região do Golfo Pérsico e do Médio Oriente continuaram afectados com os conflitos se podem ser considerados de tradicionais.
A nível do continente africano, as crises do Chade, Nigéria, Somália e Sudão são as que não conheceram nenhuma evolução, havendo perspectivas desses conflitos se agudizarem durante o ano de 2008. O conflito da RDC é o que mais se deteriorou neste final do ano, os rebeldes liderados pelo General dissidente, Laurent Kunda, chegaram a ocupar novas regiões no Norte e Centro do país.
Embora não apareça no relatório, a Guiné-Bissau, situada na África Ocidental, também tem conhecido uma crise profunda e a probabilidade de eclodir um conflito violente é eminente, este facto é reconhecido pela ONU que dispõe de um represente permanente do Secretário geral naquele país. Para além da crise social e política, o trafico de drogas para a região e para a Europa conheceu um crescimento preocupante, chegando mesmo a afectar as estruturas do Estado, levando a ONU a solicitar a intervenção da comunidade internacional para salvar o país das mãos dos narcotraficantes provenientes de todo o mundo.
A Somália se transformou num conflito esquecido para a comunidade internacional. As forças da Etiópia enfrentam sozinhas os rebeldes afectos aos tribunais islâmicos, embora existam perspectivas de serem reforçadas com forças provenientes do Burundi que irão se juntar as forças do Uganda que já se encontram no terreno.
O Sudão, região de Darfur, é o caso mais complexo. Os interesses que ultrapassam a região e o continente africano entraram em jogo, a China, a França, o Reino Unido e os Estados Unidos procuram influenciar o rumo dos acontecimentos a seu favor, mas como os interesses são divergentes o conflito persiste até a data. Nem a ONU, muito menos a União Africana consegue pôr fim ao conflito.
A Cote d’Ivore e a Serra Leoa são os Estados que entrarão no ano de 2008 com esperanças de ultrapassarem definitivamente as suas crises internas.
Apesar de todo o esforço do Concelho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana, que Angola presidiu durante o mês de Novembro de 2007, África continua a ser o continente mais afectado por conflitos violentos. Angola foi o Estado mais solicitado para prestar a sua assistência técnica e emprestar a sua experiência aos países afectados.

* Professor universitário e Analista de Político